A fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal não só prejudica o meio ambiente, mas também a saúde e a qualidade de vida dos moradores de São Paulo. Um estudo da USP e do Ipen mostra como a poluição do ar aumenta os riscos de doenças e mortes prematuras, e como a vegetação urbana pode ajudar a reduzir os efeitos nocivos.

Um estudo publicado na revista Science of the Total Environment revelou que a fumaça proveniente das queimadas na Amazônia e no Pantanal afeta diretamente a qualidade do ar na cidade de São Paulo, aumentando os níveis de poluentes e gases do efeito estufa. O trabalho é assinado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

O estudo faz parte do projeto Metroclima, que monitora a fumaça e os gases do efeito estufa em cinco pontos da cidade, com financiamento da Fapesp. Os pesquisadores constataram que as plumas de fumaça oriundas da Amazônia, do Pantanal e do interior de São Paulo, com a queima de cana-de-açúcar, são transportadas para a região metropolitana de São Paulo, onde agravam a qualidade do ar e a saúde da população.

Nos dias em que a fumaça se acumula sobre a cidade, as concentrações de material particulado fino excederam o padrão aceitável pela Organização Mundial de Saúde (de 25 mcg/m3) em todas as estações do projeto. O volume de CO2 registrado foi de 100% a 1.178% superior ao medido em dias sem fumaça. O estudo também detectou os índices de metano, outro gás do efeito estufa muito relacionado à criação de gado.

Os cientistas da USP e do Ipen demonstraram ainda como eventos de poluição externa, como incêndios florestais, representam um desafio adicional para as cidades, em relação às ameaças à saúde pública associadas à qualidade do ar, e reforçaram a importância das redes de monitoramento de gases do efeito estufa para rastrear emissões e fontes locais e remotas dos gases em áreas urbanas.

A poluição do ar é a principal causa ambiental de doenças e mortes prematuras no mundo, causadas por doenças como cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, tipo 2 diabetes e distúrbios neonatais. Além da saúde, a poluição do ar está ligada à perda de biodiversidade e ecossistema, e tem impactos adversos no capital humano.

Um aumento previsto na frequência, intensidade e duração das ondas de calor e uma elevação associada de incêndios florestais em consequência das mudanças climáticas neste século devem agravar ainda mais a qualidade do ar. A interação entre poluição e mudança climática imporá uma “penalidade climática” adicional para centenas de milhões de pessoas, de acordo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

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