A prótese, que usa inteligência artificial para entender os comandos da usuária, foi implantada em 2018 e se mostrou mais funcional e confortável do que as convencionais. A tecnologia também reduziu a dor fantasma e melhorou a qualidade de vida da paciente.
Uma mulher sueca, de 50 anos, que perdeu a mão direita durante um acidente agrícola há mais de 20 anos, ganhou uma mão biônica, que se conecta diretamente aos sistemas nervoso e esquelético dela. Ou seja, a prótese, classificada como mais funcional e confortável, se funde com seus ossos, nervos e músculos residuais.
A prótese foi implantada em dezembro de 2018 com interface humano-máquina na paciente que perdeu a mão direita em um acidente. O membro residual foi modificado cirurgicamente para melhor integração com a mão biônica que usa inteligência artificial (IA) para entender seus comandos.
A descoberta foi divulgada na segunda-feira, 11, na revista científica Nature Geoscience. Ela envolveu cientistas da Suécia, da Itália e da Austrália, liderados pelo professor Max Ortiz Catalán, chefe de pesquisa de próteses neurais do Bionics Institute da Austrália e fundador do Centro de Pesquisa Biônica e Dor na Suécia.
“A integração a longo prazo de uma mão biônica nos sistemas nervoso e esquelético do usuário foi relatada como bem-sucedida pela primeira vez em um paciente com amputação abaixo do cotovelo”, afirma o estudo.
Segundo o estudo, a operação da mão biônica na vida diária resultou em melhora da função protética, redução da pós-amputação e aumento da qualidade de vida.
“As sensações provocadas por estimulação neural direta foram consistentemente percebidas na mão fantasma durante todo o estudo. Até o momento, a paciente continua utilizando a prótese no dia a dia. A funcionalidade dos membros artificiais convencionais é prejudicada pelo desconforto e pelo controle limitado e não confiável. As interfaces neuromusculoesqueléticas podem superar esses obstáculos e fornecer os meios para o uso diário de uma prótese com controle neural confiável fixada no esqueleto”, avalia a publicação.
Mudança de vida Segundo o Bionics Institute, desde o acidente agrícola, a vida de Karin (nome fictício) sofreu uma reviravolta dramática. Uma lesão que causou uma dor insuportável no membro fantasma.
“Parecia que eu estava constantemente com a mão em um moedor de carne, o que criava um alto nível de estresse e eu tinha que tomar altas doses de vários analgésicos”, disse ela ao instituto.
Além da dor intratável, ela descobriu que as próteses convencionais eram desconfortáveis e pouco confiáveis e, portanto, de pouca ajuda na sua vida diária.
Segundo o instituto, tudo isso mudou quando ela recebeu tecnologia biônica inovadora que lhe permitiu usar confortavelmente uma prótese muito mais funcional durante todo o dia. A maior integração da mão protética e do membro residual de Karin também aliviou sua dor e mudou sua vida.
“Tenho melhor controle sobre minha prótese, mas acima de tudo, minhas dores diminuíram. Hoje preciso de muito menos remédios”, afirmou ainda Karin.
De acordo com o Bionics Institute, pessoas com perda de membros muitas vezes rejeitam até mesmo as próteses sofisticadas disponíveis comercialmente por estas razões, o que significa uma fixação dolorosa e desconfortável com controlabilidade limitada e pouco confiável.
Desta forma, um grupo multidisciplinar de engenheiros e cirurgiões resolveu esses problemas desenvolvendo uma interface homem-máquina que permite que a prótese seja confortavelmente fixada ao esqueleto do usuário por meio de osseointegração, ao mesmo tempo que permite a conexão elétrica com o sistema nervoso por meio de eletrodos implantados nos nervos e músculos.
“Karin foi a primeira pessoa com uma amputação abaixo do cotovelo a receber este novo conceito de mão biônica altamente integrada que pode ser usada de forma independente e confiável na vida diária”, disse o professor Catalán.
O estudo resultou em um artigo, que pode ser acessado no site da revista Nature Geoscience.
: https://www.nature.com/articles/s41561-021-00818-8


